Por Enio Fonseca
“Prometo, no exercício da profissão de Engenheiro Florestal, cumprir com honra e dignidade os meus deveres de técnico e cidadão, fazendo, o quanto em mim couber, pelo engrandecimento moral e prosperidade do País”
Hercio Pereira Ladeira. Primeiro Engenheiro Florestal do Brasil. 1964
Considerações iniciais
Engenharia Florestal não é apenas uma profissão — é uma ciência. Ela se baseia em diversas disciplinas, entre as quais destacam-se: Entomologia Florestal, Anatomia da Madeira, Tecnologia da Madeira, Ecologia Florestal, Experimentação Florestal, Dendrologia, Tecnologia e Produção de Sementes Florestais, Dendrometria, Melhoramento Genético Florestal, Inventário Florestal, Métodos e Tratamentos Silviculturais, Silvicultura Tropical, Economia Florestal, Colheita, Transporte e Logística Florestal, Recuperação de áreas degradadas e de ecossistemas, Arborização Urbana, Licenciamento e Gestão Ambiental, Gestão de órgãos públicos, Fiscalização e Controle Florestal, além de outras que complementam o conhecimento necessário. Todas essas áreas convergem em uma disciplina que integra e aplica esses conhecimentos de forma prática e abrangente: a Sustentabilidade.
A celebração dos 65 anos do curso de Engenharia Florestal no Brasil é uma oportunidade de reconhecer a importância dessa formação para o setor florestal e para a sociedade como um todo. Sem profissionais qualificados, não há desenvolvimento sustentável. E, para formar esses profissionais, é fundamental garantir a existência de universidades estruturadas, com bons professores, infraestrutura adequada e projetos de ensino, pesquisa e extensão alinhados às necessidades das empresas do setor e do país.
De acordo com o Engenheiro Florestal Thiago Maria Proença Almeida em sua monografia de 2023, intitulada “Evolução histórica da Engenharia Florestal do Brasil na visão de lideranças e entidades de classe”, 2023, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná:
“A Engenharia Florestal como atividade, no Brasil, existe desde que o Brasil foi descoberto pelos Portugueses, isto é, século XVI.
Contudo, a atividade, como profissão, teve seus primeiros contornos no século XIX quando houve a tentativa de se formar Silvicultores de nível superior conforme Decreto Imperial 5.957, de 1875.
Ao longo do período de 1875 até 1933, a atividade de silvicultura foi legada aos Engenheiros Agrônomos, em eventuais referências em disciplinas do currículo universitário.
A formação específica de profissionais Engenheiros Florestais só foi abordada no Brasil a partir de 1948, na Conferência Latino-Americana sobre Florestas e Produtos Florestais, realizada em Teresópolis-RJ, onde foi recomendada a criação do Instituto Latino-Americano de Ciências Florestais pela Subcomissão sobre Florestas Inexploradas da FAO.
No 1º Congresso Florestal Brasileiro, realizado em 1953 em Curitiba – PR, foram apresentadas diversas moções de criação de Escola de Florestas, sugerindo localizações, oportunidades, necessidades e justificativas, e no 5º Congresso Florestal Mundial, em 1960, foi apresentado o Decreto 48.247 no qual esteve assinado por Juscelino Kubitschek de Oliveira, criando o primeiro curso de Engenharia Florestal no Brasil.
O curso foi implantado ainda no primeiro semestre do mesmo ano em Viçosa. Diante deste cenário, o presente estudo teve como objetivo realizar o registro de resgate da evolução histórica da Engenharia Florestal do Brasil de forma cronológica, trazendo a visão de atores importantes da Engenharia Florestal Brasileira, além de trazer um levantamento dos Cursos existentes no País e mapeá los conforme a distribuição por região e por década de criação.
Para isso, inicialmente foi realizado um levantamento de dados, ou seja, a busca por materiais e documentos existentes na internet, tais como, em entrevistas, relatos, reportagens, sites diversos, no portal da Sociedade Brasileira dos Engenheiros Florestais (SBEF), revistas, entre outros arquivos.
Sendo um trabalho pelo qual teve a possibilidade de conhecer mais a fundo sobre a história da Engenharia Florestal do Brasil, saindo de 0 profissionais na década de 60 com apenas um curso, para um pouco mais de 15 mil profissionais cadastrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia no ano de 2023, e 73 cursos ofertados em situação ativa. Além de mostrar a toda a sociedade em geral a visão de grandes líderes que colaboraram de alguma forma para a evolução dentro do Curso de Engenharia Florestal brasileira, contribuindo em diversas ações futuras que possam ser espelhadas nas histórias do passado”.
Provém da China, do final do século XV, as primeiras práticas do ensino florestal. Todavia, foi na Alemanha, na cidade de Zillbach, em 1786 que foi criada a primeira Escola de Silvicultura. Em 1811, a Escola foi transferida para cidade de Tharandt, recebendo o título de Academia Florestal, que, anos mais tarde, seria elevada à categoria de Academia Real da Saxônia.
Em 1825 foi criada a Universidade de Gissem; já em 1830 foram criadas as Academia de Eberswald e a Academia Florestal de Eisenach; pouco tempo depois criaram-se mais três Universidades, Carlsruhe, Munich e Tubigem. Hoje, cada País europeu tem, pelo menos, uma Faculdade de Engenharia Florestal.
A Academia Florestal de Tharandt, também conhecida como Academia Florestal da Universidade de Tecnologia de Dresden, foi fundada por Johann Heinrich Cotta, considerado o pai da engenharia florestal.
A criação da academia marcou um marco importante no desenvolvimento da engenharia florestal como disciplina acadêmica, sendo a primeira instituição a oferecer um curso formal nessa área. Antes disso, os conhecimentos sobre florestas eram transmitidos de forma mais informal ou através de outras áreas como a agronomia.
A essa iniciativa, seguiram-se outras em países na Europa. Em Portugal, o ensino superior florestal iniciou-se em 1864, com a criação do curso de silvicultura no então Instituto Geral de Agricultura, em Lisboa; mais tarde, com a implantação da República, é em 1911 criado o Instituto Superior de Agronomia, com o curso de engenheiro silvicultor. Aquando do estabelecimento do ensino superior nas províncias ultramarinas, já na década de 1960, são criados cursos superiores de silvicultura em Angola e Moçambique.
Na América, o país pioneiro foi os Estados Unidos, tendo sua primeira escola fundada no ano de 1895, na cidade de Baltimore, seguido por Canadá, México e Venezuela.
No dia 12 de julho, comemoramos o Dia do Engenheiro Florestal, um profissional extremamente importante aqui no Brasil e cuja atuação é essencial para que nosso país ocupe posição de destaque no setor de florestas plantadas.
A data foi escolhida para homenagear São João Gualberto, conhecido como protetor das florestas, monge italiano que se dedicou ao cultivo de bosques florestais, e faleceu em 12 de julho de 1073.
São João Gualberto foi um nobre florentino que, após a morte de seu irmão, buscou vingança, mas acabou perdoando o assassino. Este ato de perdão o levou a abandonar a vida mundana e se tornar monge beneditino, fundando a Congregação dos Monges Beneditinos de Valombrosa, conhecida por suas práticas agroflorestais e recuperação de bosques. Ele é considerado o padroeiro dos guardas florestais e da engenharia florestal, e seu dia de festa é celebrado em 12 de julho.
São João Gualberto
Desde sua criação, a Engenharia Florestal cresceu e se diversificou. Hoje, são 68 cursos em todo o Brasil, oferecidos por universidades públicas e privadas, responsáveis pela formação de aproximadamente 30 mil engenheiros florestais por ano.
Em 30 de maio de 1960, o Decreto n.º 48.247 criou a Escola Nacional de Florestas, primeira no ramo no Brasil, sediada em Viçosa, Minas Gerais, e posteriormente transferida para Curitiba em 14 de novembro de 1963.
O Período inicial de funcionamento do curso, de 1961 a 1969 foi caracterizado pela existência do Convênio de Assistência das Nações Unidas, através da FAO, conhecido como “Projeto 52”.
A escola instalada primeiramente em Viçosa, em Minas Gerais, e transferida para Curitiba, no Paraná em 14 de novembro de 1963, atualmente, é o curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná – UFPR.
No mesmo ano de 1963, foi criada a Escola Superior de Florestas em Viçosa, atualmente o curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa.
De 1971 a 1982, vigorou, em Curitiba, o Convênio de Cooperação Técnica entre a Universidade Federal do Paraná e a Universidade Albert-Ludwig, em Freiburg na Alemanha. Foi durante este período que houve um efetivo desenvolvimento da Faculdade de Florestas de Curitiba em ensino, pesquisa e extensão florestal, incluindo a criação em 1973 do primeiro curso de pós-graduação a nível de mestrado em engenharia florestal do Brasil. Posteriormente, em 1982, foi, também, criado o primeiro curso a nível de doutorado em engenharia florestal do Brasil.
O Governo do Estado de Minas Gerais, juntamente com a Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), resolveu manter uma unidade de ensino florestal de nível superior, e, pelo Decreto nº 7.419, de 21 de fevereiro de 1964, criou a Escola Superior de Florestas (ESF), cujas atividades tiveram início em 3 de março do mesmo ano, tendo como diretor o professor Arlindo de Paula Gonçalves.
A Escola Superior de Florestas passou a constituir uma das unidades de ensino da UREMG, seguindo os objetivos básicos de sua filosofia: ensino, pesquisa e extensão. Em 1º de julho de 1978, obedecendo a Portaria Ministerial nº 465, a UREMG experimentou uma profunda transformação organizacional e administrativa, passando a ser denominada Universidade Federal de Viçosa, (UFV). Com essa transformação, foi criado o Centro de Ciências Agrárias, ao qual foi vinculado o Departamento de Engenharia Florestal (DEF), substituindo a Escola Superior de Florestas.
Mosaico de fotos alusivas aos primeiros Engenheiro Florestais do Brasil
A pós-graduação também teve grande impulso desde que foi criada em 1972 e instalada em 1973, na Escola de Curitiba (mestrado), seguida por Viçosa (1976), USP-ESALQ – Piracicaba (1976), INPA (1980). Esses cursos deram o suporte de recursos humanos para a criação e o desenvolvimento de outros. Mantendo o pioneirismo nos três níveis acadêmicos, a Escola de Curitiba criou, em 1982, o primeiro curso de doutorado em engenharia florestal no Brasil. Em 1989, surgiu o segundo curso de doutorado, em Viçosa.
De acordo com informações do site:
https://publicacoes-snif.florestal.gov.br/florestasdobrasil/pt/ensino-e-pesquisa-florestal/instituicoes-de-ensino-florestal/
“Em 2018, o Brasil contava com 42 programas de pós-graduação na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, incluindo mestrado, mestrado profissional e doutorado. Esse número cresceu para 43 cursos em 2019 e se manteve estável até 2022. Já para instituições, em 2018 os cursos estavam distribuídos em 23 Instituições de Ensino Superior, aumentando para 24 em 2020 e se mantendo estável até 2022. Entre 2018 e 2022, 13 instituições ofereciam cursos de doutorado e duas ofereciam cursos de mestrado profissional.
Em 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), existem ao menos 71 cursos de bacharelado em Engenharia Florestal na modalidade presencial em todo o país, oferecidos por 62 instituições de ensino superior.
Os números disponíveis sobre instituições associados ao tema variam conforme a fonte verificada.
As instituições públicas e gratuitas são as que predominam na educação superior, com 82,3% do número total de Instituições de Ensino Superior – IES com cursos na área de Engenharia Florestal. quase 30 mil profissionais formados
O curso de engenharia florestal é, a princípio, dividido em três grandes áreas de conhecimento/atuaçãoː a área silvícola, a área ambiental e a área industrial madeireira. Em geral, cada curso de engenharia florestal tende para uma dessas áreas, isso conforme a realidade na qual o curso está inserido.
Durante a formação, há a capacitação profissional para a atuação nas atividades que se referem ao uso sustentável dos recursos florestais (o aproveitamento do que as florestas podem oferecer para um uso em prol da humanidade), bem como a recuperação, manutenção e continuidade do ambiente florestal.
Veja que na engenharia florestal é pensada a produção florestal integrada ao ambiente. Contudo é de suma importância saber que a engenharia florestal não forma militantes ambientais, e sim profissionais aptos na aplicação do conhecimento científico e da engenharia nas questões florestais.
Durante a graduação em engenharia florestal, o aluno estuda disciplinas tanto das áreas de ciências exatas, ciências biológicas e ciências humanas, como podemos ver abaixo:
Exatas: cálculo, estatística, física, química.
Biológicas: botânica, entomologia, genética, silvicultura, zoologia, microbiologia, ecologia.
Humanas: administração, antropologia e sociologia rural, direito ambiental, economia, política e legislação florestal.Segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), Resolução nº 1.010, Anexo II, de 22 de agosto de 2005.
Geociências Aplicadas
Sistemas, Métodos, Uso e Aplicações da Topografia e da Cartografia. Aerofotogrametria, Sensoriamento remoto, Fotointerpretação, Georreferenciamento. Atividades multidisciplinares referentes a Planejamento Urbano e Regional no âmbito da Engenharia Florestal.
Ordenamento Territorial Agrossilvipastoril. Cadastro Técnico de Imóveis Rurais para fins Florestais.
Agrometeorologia e Climatologia Agrícola.
Agrologia, Dasologia e Fitologia
Biodiversidade. Ecossistemas das Florestas Nativas, de Biomas, florestamentos e de Reflorestamentos.
Edafologia.
Silvicultura. Métodos Silviculturais. Crescimento, Manejo e Produção Florestal.
Química Agrícola, Fertilizantes, Corretivos e Inoculantes. Nutrição de Essências Vegetais.
Fitotecnia. Microbiologia, Fitopatologia, Manejo de Pragas Florestais. Processos de Cultivo, Manejo e Condução de Florestas e de culturas florestais.
Dendropatologia e Dendrocirurgia.
Engenharia e Tecnologia Florestais
Tecnologia da Madeira. Estruturas de Madeira.
Construções Rurais, Edificações e Instalações para Fins Florestais.
Instalações Elétricas em Baixa Tensão para Fins Silviculturais de pequeno porte.
Estradas Rurais.
Hidráulica Aplicada a Sistemas de Irrigação e Drenagem, Barragens e Obras de Terra.
Hidrologia Aplicada ao Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas.
Recursos Energéticos Florestais. Fontes e Conservação de energia a partir de Recursos Naturais Renováveis e de Resíduos Silviculturais.
Máquinas, Equipamentos e Mecanização na Engenharia e na Tecnologia Florestal.
Tecnologia de Ambientação e Manejo de Plantas e da Fauna Silvestres.
Viveiros para Fins Florestais. Reflorestamento.
Formação, Manejo, Proteção, Utilização e Colheita de Florestas.
Sistemas e Métodos de Arborização. Arborismo. Fitofisionomia Paisagística Urbana, Rural e Ambiental.
Biotecnologia. Engenharia Genética. Melhoramento e Aproveitamento de Produtos Florestais.
Silvimetria. Fitometria. Inventário Florestal.
Colheita, Estoque e Transporte de Produtos Florestais.
Industrialização e Tecnologia da Transformação de Produtos e Subprodutos de Origem Florestal.
Produtos Madeiráveis e Não Madeiráveis Oriundos das Florestas e das culturas florestais.
Aplicações da Aviação Agrícola.
No Brasil, a Engenharia Florestal foi responsável por introduzir o manejo florestal sustentável, antes a exploração das florestas nativas era feita de maneira empírica, sem o suporte técnico necessário. O manejo florestal sustentável é, de fato, uma das poucas atividades de uso do solo que mantém a cobertura florestal enquanto gera renda a partir da floresta em pé. Essa prática é fundamental para conciliar a produção econômica com a conservação ambiental, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais.
.A engenharia florestal tem sua raiz ligada às ciências agrárias, e sua origem, nas principais universidades brasileiras, ligada aos cursos de agronomia – as universidades formavam agrônomos silvicultores. Apesar da raiz comum, as particularidades e complexidade das atividades florestais formam um arcabouço técnico e científico que compõe o que hoje se denomina ciência florestal.
A profissão de Engenheiro Florestal foi criada pela Lei 4.643 de 31 de maio de 1965, publicada no DOU em 3 de junho do mesmo ano, e ela determina a inclusão deste profissional na enumeração do Art. 16 do Decreto Lei 8.620 de 10?01/1946, que dispõe sobre a regulamentação do exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor.
Em 14/11/1969, a Resolução nº 186 do CONFEA fixou as atribuições dos Engenheiros Florestais, de acordo com o Artigo 24, e a letra f do Artigo 27 da Lei nº 5.194 de 24/12/1966, sendo esta resolução substituída pela resolução 218 de 29/06/1973.
O setor florestal brasileiro desenvolveu-se principalmente a partir da década de 1960 com a Lei nº 5.106, de 2 de setembro de 1966, que viabilizou incentivos para plantios florestais. As florestas plantadas foram a base para o estabelecimento e a expansão da indústria florestal em diferentes regiões do país, permitindo ao setor ganhar expressão no cenário socioeconômico nacional (ROSOT et al., 2004). A partir de 1960, a partir da adoção de incentivos fiscais para o reflorestamento, houve um grande desenvolvimento, no Brasil, da base de florestas plantadas, de menos de meio milhão de hectares para mais de seis milhões de hectares, proporcionando assim uma grande evolução cientifica dentro de muitas áreas da Engenharia Florestal, colocando então o Brasil entre os principais produtores florestais do mundo.
O Brasil possui cerca de 496 milhões de hectares de f lorestas, consolidando-se como o segundo país com a maior área florestal do mundo. A existência desta ri queza natural traz destaque ao setor florestal brasileiro, tornando-o estratégico para a economia do país e para as agendas internacionais de conservação ambiental e combate aos efeitos adversos das mudanças climáticas.
De acordo com a IBA, Instituto Brasileiro de árvores, em seu relatorio de atividades de 2024, no ano de 2023, foram criados 33,4 mil novos postos de trabalho, somando um total de 2,69 milhões empregos diretos e indiretos gerados pelo setor.
A indústria de árvores cultivadas brasileira tem um comércio internacional de US$ 12,7 bilhões e segue como a maior exportadora de celulose do mundo, ficando no patamar acima de 18 milhões de toneladas enviadas ao exterior. O setor planta 1,8 milhão de árvores por dia, dando origem a uma crescente gama de produtos de fonte renovável, como livros, cadernos, roupas, celulose, papéis, embalagens, papel higiênico, fraldas, painéis de madeira, pisos laminados, entre muitos outros.
As vendas domésticas de painéis de madeira cresceram 1,5% em relação a 2022, alcançando um total de 7,1 milhões de m3 e com uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 0,7% nos últimos dez anos. Outro produto de destaque, os pisos laminados somaram uma produção de 10,4 milhões de m². 1,8 milhão de árvores plantadas por dia em áreas previamente degradadas 6 Este é um setor que está do lado certo da equação climática e vem inaugurando nos últimos anos fábricas descarbonizadas e/ou com circularidade.
O setor conserva 6,91 milhões de hectares de vegetação natural, uma extensão maior que o estado do Rio de Janeiro. Juntas, as áreas conservadas e plantadas pelo setor, estocam 4,92 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO₂eq)
Além disso, a sustentabilidade no setor também está ligada ao desenvolvimento social e econômico das regiões onde atua, gerando emprego e renda e promovendo o desenvolvimento socioeconômico de comunidades locais.
Em 2023, as empresas do setor possuíam área superior a 72 mil hectares em recuperação ambiental. Essas áreas estão distribuídas principalmente no bioma Mata Atlântica, seguido do Cerrado
Como é o curso de Engenharia Florestal?
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Ministério da Educação (MEC), o curso de Engenharia Florestal é formulado por meio de conteúdos básicos e profissionais, atualizados periodicamente, com observado especificidades de cada instituição.
O núcleo básico segue as diretrizes gerais de todas as Engenharias e ensina Biologia, Estatística, Expressão Gráfica, Física, Informática, Matemática, Metodologia Científica e Tecnológica, e Química.
Dentro dos conteúdos específicos da área, o aluno tem contato com as seguintes matérias:
Avaliação e Perícias Rurais;
Cartografia e Geoprocessamento;
Construções Rurais;
Comunicação e Extensão Rural;
Dendrometria e Inventário;
Economia e Mercado do Setor Florestal;
Ecossistemas Florestais;
Estrutura de Madeira;
Fitossanidade;
Gestão Empresarial e Marketing;
Gestão dos Recursos Naturais Renováveis;
Industrialização de Produtos Florestais;
Manejo de Bacias Hidrográficas;
Manejo Florestal;
Melhoramento Florestal;
Meteorologia e Climatologia;
Política e Legislação Florestal;
Proteção Florestal;
Recuperação de Ecossistemas Florestais Degradados;
Recursos Energéticos Florestais;
Silvicultura;
Sistemas Agrossilviculturais;
Solos e Nutrição de Plantas;
Técnicas e Análises Experimentais;
Tecnologia e Utilização dos Produtos Florestais.
Um engenheiro florestal pode trabalhar em diversos setores, incluindo empresas privadas, órgãos públicos, ONGs e até mesmo como autônomo, atuando em áreas como gestão de florestas, consultoria ambiental, pesquisa e educação.
Setores de atuação:
Empresas:
Indústrias de papel e celulose, empresas de manejo florestal, empresas de consultoria ambiental, empresas de produtos florestais não madeireiros e empresas de ecoturismo.
Órgãos Públicos:
IBAMA, secretarias estaduais e municipais de meio ambiente, órgãos de controle, defesa e proteção ambiental, e institutos de pesquisa.
Organizações Não Governamentais (ONGs):
Projetos de conservação, restauração e desenvolvimento sustentável.
Consultoria:
Prestação de serviços de consultoria ambiental, elaboração de estudos de impacto ambiental, projetos de recuperação de áreas degradadas, e licenciamento ambiental.
Pesquisa e Educação:
Universidades, centros de pesquisa e instituições de ensino, atuando em pesquisa, ensino e extensão.
O trabalho do engenheiro florestal, portanto, é de suma importância para a sociedade, pois dele depende a preservação dos nossos recursos naturais e a fabricação de bens essenciais para o nosso cotidiano, iniciativas de sustentabilidade e mitigação de mudanças climáticas.
A minha experiência como Engenheiro Florestal
Passei no vestibular para Engenharia Florestal na Universidade Federal de Viçosa no ano de 1977. Durante minha vida acadêmica, além de ter escrito muitos artigos para diferentes periódicos agropecuários, ocupei importantes posições na ABEEF, Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal, e na AECF, Associação Estudantes de Ciência Florestal, onde fui um dos fundadores e primeiro presidente.
Detalhes de minha formatura em 1982
A profissão de Engenheiro Florestal me permitiu importantes reconhecimentos como:
Pude atuar ainda como Presidente entre 1984 e 86 , e depois em várias gestões, da Sociedade Mineira de Engenheiros Florestais- SMEF.

Desafios do presente e do futuro
Os desafios atuais da Engenharia Florestal incluem a formação de profissionais em número e qualidade suficientes para atender às diversas frentes de atuação. Além disso, é preciso preparar esses profissionais para contextos cada vez mais complexos, que exigem uma governança sustentável, transição energética, ESG, Princípios ODS 2030 da ONU, mudanças climáticas, gestão interdisciplinar, tecnologia de ponta, dentre outros
Para isso, os profissionais têm se preparado para usar o conhecimento e a ciência em favor do desenvolvimento sustentável.
Homenagem final:
Ao professor Laércio Couto, um entusiasta da Engenharia Florestal. Professor e Chefe de Depto na UFV. Fundador e Presidente da ASEFLOR- Associação dos Engenheiros Florestais Egressos da UFV. Um Mestre, um amigo, que nos deixou este ano de 2025.
Enio Fonseca – Engenheiro Florestal, Senior Advisor em questões socioambientais, Especialização em Proteção Florestal pelo NARTC e CONAF-Chile, em Engenharia Ambiental pelo IETEC-MG, em Liderança em Gestão pela FDC, em Educação Ambiental pela UNB, MBA em Gestão de Florestas pelo IBAPE, em Gestão Empresarial pela FGV, Conselheiro do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, FMASE, foi Superintendente do IBAMA em MG, Superintendente de Gestão Ambiental do Grupo Cemig, Chefe do Departamento de Fiscalização e Controle Florestal do IEF, Conselheiro no Conselho de Política Ambiental do Estado de MG, Ex Presidente FMASE, founder da PACK OF WOLVES Assessoria Ambiental, foi Gestor Sustentabilidade Associação Mineradores de Ferro do Brasil e atual Diretor Meio Ambiente e Relações Institucionais da SAM Metais. Membro do Ibrades, Abdem, Adimin, Alagro, Sucesu, CEMA e CEP&G/ FIEMG e articulista do Canal direitoambiental.com.
Gostou do conteúdo? Então siga-nos no Facebook, Instagram e acompanhe o nosso blog! Para receber notícias ambientais em seu celular, clique aqui.